Ele fumava bem,
mas escrevia mal. A vida tem dessas compensações. Dizia as palavras e elas
voavam com o vento, levadas pela fumaça do cigarro. Aprendeu, então, a baforar
fumaças de poesia, soltar aneis de onomatopeias e dissipá-las em trava-línguas. Arranjou
amantes apaixonadas pelo silêncio literário desse homem que só fumava suas
ideias. Ele presenteou-as com flores e suas palavras eram escritas em um
bilhete, pois assim não se perdiam. Com o tempo, porém, as palavras se apagavam
do papel e suas amantes largaram-no por ele já não ter mais nada a dizer.
Abandonado, ele não fez nada. Sorria bem, mas amava mal. A vida tem dessas
compensações.
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