quarta-feira, 7 de agosto de 2013

um dia Deus me olhou e disse:

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Cada um traz em si um mundo inteiro. Cada um é responsável por aquilo que é, por aquilo que escolhe, sente, pensa, vive. Somos responsáveis pelo deslocamento de ar à nossa volta e pela energia de nossas intenções. Somos responsáveis pela aura cinza da depressão e do pessimismo ou pela aura amarela da sabedoria e do discernimento. Não vemos o invisível, mas se víssemos, todos nós seríamos como pequenos vulcões, variando nossa aura de acordo com as emoções, criando magnânimas tempestades e maremotos, em constante mutação. Somos os abalos sísmicos, os furacões, as enxurradas que levam sonhos embora, que lavam as almas da dor, as sequoias que tombam pela velhice e pelo vazio, o vento que fere, esfria e grita por toda a noite... mas também somos as flores que desabrocham, o roçar dos passarinhos, o suave correr de um rio, o alinhamento dos planetas, a rotação de um átomo. Trazemos em nós ambas as potências: da criação e da destruição. Trazemos os germes de todos os males, mas também a totalidade de todas as virtudes. Somos a caixa de Pandora e também o seu inverso. A mão que afaga é a mesma que apedreja, basta dar-lhe a potência de tais atos. Uma semente existe enquanto semente, guardando em si tudo o que há de ser, mas basta-lhe um solo infértil para que morra estéril. É nossa a escolha do jardim que cultivamos.
 

lacrônico, o espaço das crônicas. © 2010

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