quinta-feira, 23 de agosto de 2012

o vinho e uma consideração final

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Ela deu o último gole na taça manchada de vinho. Os cabelos caíam já desgrenhados em ondas pelos ombros e elas os ajeitava enquanto se recostava na cadeira, pronta para o longo suspiro do fim da bebida. Dizia algo sobre um rapaz, uma paixão dela, que não andava dando certo. O vinho e a lembrança fizeram-lhe quente e com o rosto já vermelho e o suspiro já satisfeito, ela bradou a confissão do seu íntimo - que não conhece qualquer regra:

- E só ele chegar que minhas estrutura desmorona!

E o olhar vagou longe, longe do que é racional. Talvez devêssemos mesmo desmoronar por quem nos treme as pernas.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

um pouco de sol nos escritos

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Fernando Pessoa (ou seria um de seus heterônimos?) ousou escrever que tem em si todos os sonhos do mundo; John Lennon contou a um repórter que endoidou-se por Yoko quando, certa vez, subira a escada de uma de suas instalações e lá no topo encontrara a palavra "sim" escrita; Gandhi também disse alguma coisa, mas em silêncio, sentado em sua usual posição de Buda. Elis Regina cantou sabiamente que a esperança dança na corda bamba de sombrinha e em cada passo dessa linha pode se machucar; ao passo que Cazuza, insurgindo-se na dor de cotovelo, preferiu dizer que se esconde a verdade é para proteger você da solidão; Al Pacino, cego, dançou tango guiando-se só pelo perfume da mulher - sem nem ao menos saber que ela vestia preto; Platão propôs a perfeição máxima possível em algo inatingível metaforizado como o mundo das ideias; Tom York sussurrou a canção You And Whose Army enquanto o sono o atingia deitado na cama; Coldplay fez a menina chorar. Por fim, Camões escreveu um soneto dizendo que amor é fogo que arde sem se ver e eu acho que na verdade se vê, sim.
 

lacrônico, o espaço das crônicas. © 2010

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