Apontou para a grande árvore à sua frente, recortada contra o fundo azul-escuro do céu, e disse para ninguém:
- Olha, a árvore da vida.
Achou a frase bonita, depois sentiu vontade de explicar, para a criança que passava segurando uma bola vermelha:
- Cada galho é como se fosse um ser vivo, e mais outro, e mais outro; tudo em torno de algo maior e imponente, que é o tronco.
A criança piscou, ofereceu a bola para brincar, ao passo que foi negada. Foi embora, passou o gato, sentiu vontade de também explicar-se para o gato:
- O engraçado é que você, religioso, pode dizer que o tronco é Deus; e você, cientista, pode dizer que é o gene.
O gato fugiu miando alto. No fim, ainda só, concluiu para si:
- Eu acho que é uma árvore, velha senhora, que tem todo o direito de permanecer imóvel, solene, assistindo às metáforas que dão para si. Hoje, árvore da vida, amanhã o que será?
As formigas aplaudiram o discurso do lobo solitário.
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