domingo, 30 de outubro de 2011

tupiniquim

Rodou o LP de Martinho da Vila, saiu sambando pela casa. Todo mundo é bamba, todo mundo bebe, todo mundo samba. Contaminou-se pelo ritmo, trocou por Jair Rodrigues e foi à janela paquerar. Deixe que digam, que pensem, que falem, deixe isso pra lá, vem pra cá, o que é que tem? O que tem é que à janela não conseguiu a atenção desejada, quis ouvir a voz de Mario Sousa Marques Filho: reconhece a queda e não desanima, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima. Achou que o incidente na janela poderia ser bem descrito por Noel Rosa, trocou o LP. E eu pergunto, com que roupa?, com que roupa que eu vou, pro samba que você me convidou. Depois, sem fôlego para sambar, mudou de disco, Chico Buarque, exigia sentar na poltrona e ler Clarice com um cigarro entre os dedos. Mulher, você vai gostar, tô levando uns amigos pra conversar. E depois de tudo isso o que pede é botar Cartola, porque mesmo com samba chega a hora inadiável de se angustiar na varanda, com o pôr-do-sol a ouvir a última melodia do dia. Ouça-me bem amor, preste atenção, o mundo é um moinho, vai triturar teus sonhos, tão mesquinho. Vai reduzir as ilusões a pó...

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