domingo, 16 de outubro de 2011

blues

Começava devagar.
Saboreava o gosto puro de cada nota com a paciência de um meticuloso em busca da iluminação. A iluminação musical. E quando pensava nisso o calor ia subindo e emanava pelos poros... e então as notas exigiam amor e eram tocadas como mulheres...ia subindo....subindo...até atingir o pico, a libertação clássica de tudo o que se prende, era uma viagem mental e corporal, dedilhava com a mesma rapidez com que o suor escorria da sua testa, agora envergada, tentando alcançar as notas mais profundas da composição que era antes de tudo sua própria alma que ele precisava cavar cada vez mais fundo até encontrar aquilo que todos passam a vida procurando aquilo que as fazem perder o ar e o chão até se sentirem caindo em um abismo de total compreensão dos sentidos onde o mínimo toque de pele arrepia a espinha enquanto tudo isso é engolfado pelo som febril que nasceu nas ruas e nos becos onde se encontram a mais sincera e profunda arte já feita porque representa os olhos da alma boêmia alma essa mesma alma que agora se enche de iluminação por ter enfim encontrado sua sintonia com as notas musicas expelidas agora em decrescente sensações...que vão se rebaixando...tornando-se inaudíveis...mas totalmente sensitivas...o som do mais rele ser humano pisando nessa superfície fria...quando por dentro está cultivando calor...e tudo termina na última nota, angustiada, por onde terminam todos os fins existentes.....

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