sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

ao Romantismo:

Goethe, meu irmão. Nós, eternos apaixonados pela paixão. Não há de percebermos quão casto tornou-se esse insigne sentimento? Não, não há loucuras e nem mortes decretadas por amor, mas sim, antes de tudo, a maliciosa consciência a fazer-se de sábia ao resguardar os gestos. Que solene é este espetáculo! Vivemos entre os eruditos covardes, temerosos da dor, incapazes de se entregarem ao verdadeiro excesso, à verdadeira virtude que é amar. A dor, caríssimos, existe unicamente como condição por deleitar-se de algo tão puro e febril; ela é, portanto, estritamente necessária. Tal qual a morte que espreita uma abelha depois de sua reprodução; tal qual a vida, que nos permite sentir o dissabor do fim após décadas saboreando a existência. Jovem Werther, sofra. Não só porque do sofrimento vem a melhor escrita, mas porque é só através dele que podemos compreender quão humano fomos. Há de um dia os pobres mortais entenderem essa derradeira paixão que sentimos e, quem sabe então, o lídimo Romantismo deixe de ser palco de céticas risadas...

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lacrônico, o espaço das crônicas. © 2010

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