sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
ao Romantismo:
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Escrito -
Tais G. Faraco
Goethe, meu irmão. Nós, eternos apaixonados pela paixão. Não há de percebermos quão casto tornou-se esse insigne sentimento? Não, não há loucuras e nem mortes decretadas por amor, mas sim, antes de tudo, a maliciosa consciência a fazer-se de sábia ao resguardar os gestos. Que solene é este espetáculo! Vivemos entre os eruditos covardes, temerosos da dor, incapazes de se entregarem ao verdadeiro excesso, à verdadeira virtude que é amar. A dor, caríssimos, existe unicamente como condição por deleitar-se de algo tão puro e febril; ela é, portanto, estritamente necessária. Tal qual a morte que espreita uma abelha depois de sua reprodução; tal qual a vida, que nos permite sentir o dissabor do fim após décadas saboreando a existência. Jovem Werther, sofra. Não só porque do sofrimento vem a melhor escrita, mas porque é só através dele que podemos compreender quão humano fomos. Há de um dia os pobres mortais entenderem essa derradeira paixão que sentimos e, quem sabe então, o lídimo Romantismo deixe de ser palco de céticas risadas...
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
notícia
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Escrito -
Tais G. Faraco
HOMEM PASMA SEGUNDA-FEIRA
Acordou, beijou a mulher na face rubra,
Deixou na caneca a marca da boca muda, comeu o pão adormecido,
Saiu de casa com a maleta cinza, o chapéu meio de lado, a barba por fazer.
Assoviou bossa-nova, a caminho do edifício,
Subiu no andaime, tão logo caiu
Segunda-feira, estatelado no asfalto, atrapalhou o trânsito,
Ainda acordou achando que era domingo.
Desde então, vive desorientado.
Acordou, beijou a mulher na face rubra,
Deixou na caneca a marca da boca muda, comeu o pão adormecido,
Saiu de casa com a maleta cinza, o chapéu meio de lado, a barba por fazer.
Assoviou bossa-nova, a caminho do edifício,
Subiu no andaime, tão logo caiu
Segunda-feira, estatelado no asfalto, atrapalhou o trânsito,
Ainda acordou achando que era domingo.
Desde então, vive desorientado.
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