quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

parênteses

Então você fica quase inconsciente, quase surdo, só dando ouvidos à sua cabeça. Ela dita as palavras e você só as coloca no papel, na ordem em que vão surgindo mentalmente. No final, o texto todo pode não fazer sentido nenhum, mas daí é só você dizer que seu estilo é parecido com o de Caio Fernando Abreu que todos se calam com um suspiro de alívio, refeitos do susto por acharem que você provavelmente não teve aulas de coesão e concordância. Bobagem. É tudo uma bobagem. Escrever é pura masturbação do escritor. Um prazer só dele e criado para ele, os leitores são meros passageiros que gostam de dar uma volta nesse navio. Ou barco. As convenções ortográficas e linguisticas podem ser arbitrariamente suspendidas se assim o autor quiser, sob uma justificativa qualquer. "Ah, é o pós-modernismo contemporâneo", "Pois o comunismo estético...", "Meu estilo é baseado na livre-associação de palavras...". Ninguém discordará, pois a escrita de alguém é a coisa mais pessoal já publicada. Os autores só lutam para tornar sua história a menos parecida possível com uma piada interna.

2 opiniões:

Eder Coelho disse...

Muito inteligênte isso. Definiu muito bem.
E uma outra coisa, devo ter alguma birra de Caio Fernando Abreu. Ele deve tem um rebanho de "pseudos-qualquer coisa", que é bem como vc falou, ao cita-lo, sente-se os suspiros de alívio.

Mateus Lima disse...

eu gosto mto de passear nesse navio, fique sabendo.


"Os autores só lutam para tornar sua história a menos parecida possível com uma piada interna."
yeah, mto bom isso. e mto verdadeiro!

 

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