quinta-feira, 17 de maio de 2012

três minutos e meio

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- e meu marido que me deu de dia das mães uma calça branca? Não dá nem pra sentar direito que mancha, não gostei, falei ai vou trocar, minha mãe chiou e disse que eu deveria dizer que gostei, mas pra quê? Eu tô assim. Ele esses dias deixou toda a mesa do escritório desarrumada, falei Carlos Alberto arruma isso que vem visita, ele não arrumou, e a minha vergonha! Também, não me dá dinheiro. Tudo bem, eu me viro com o que eu ganho, mas preciso fazer pé e mão, ai você viu meu pé? A manicure cortou aqui, como ficou feio...Tive que comprar um sapato quando saí de lá, passei na loja e vi essa bota maravilhosa. Sabe quanto? Baratíssima. O Carlos Alberto ficou uma arara, disse como você pode gastar tanto assim? Ué, essa bolsa aqui eu paguei dez reais, como é gastar tanto? Agora, com cabelo eu tenho luxo! Ai, tô com uma fome, corri o dia inteiro hoje, só parei agora, menina. Vamos comer? Ali do lado fazem um café que dá vontade até de rezar, aí você pede um croissant e ó, dieta vai por água abaixo. Ontem engordei 1 quilo! Mas ué, eu como maçã e bebo água o dia inteiro! Daí é comer uma sopa que parece que a gente tá estufada. Você viu a vizinha, como tá gorda? Remédio. Fica aí tomando remédio pra emagrecer, é um veneno, não pode fazer isso. Shake tudo bem, eu tomo aquele da Luciana Gimenez, é natural, gostoso e resolve. Ai, a Luciana tá tão bonita né? Um dia vi um vestido que ela usou, tudo de bom! Era verde-água assim, com uns brilhos, maravilhoso. O Carlos Alberto falou nossa que mau gosto, eu nem respondi, às vezes me pergunto por quê é que a gente está junto. Mas sabe... quando namorávamos era tão bom, o noivado também foi bom, depois do terceiro ano de casamento a coisa parece que esfriou, caiu na rotina. Acho que tô precisando de uma viagem. Campos do Jordão? Mas nem morta, muito frio! Não suporto pé congelado. Quero é praia, pegar uma corzinha, que essa cor de dona de casa não dá. Aí ó, falando nele, o Carlos Alberto me ligando, vou ali atender e já volto, aposto que ele quer pedir que eu busque ele no trabalho. Ai ai...Alô?

segunda-feira, 14 de maio de 2012

poesia imprestável

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O sol nasce e inunda de uma luz brilhante a janela de seu quarto,
seus olhos se queimam assim que você os abre,
pois a perfeição é bela demais para ser vista...

sofre? não é perfeição, é cinismo,
você estava perdendo as esperanças na noite passada,
se revirou nos lençóis até pegar no sono,
horas antes do sol nascer.
ele nasce, e queima seus olhos.
e não há nada de reconfortante na risada celestial
da sua cara bestial
de quem acreditava no poeta que dizia que sol é alegria, alegria, gloriosa

que alegria?
é uma claridade, ofuscante
só pra te lembrar do que você não consegue esquecer.

domingo, 6 de maio de 2012

para um desconhecido

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É inquieta a sensação de ter te perdido de vez na infinitude de possibilidades nessa metrópole. Você, um completo desconhecido: nem cheguei a te conhecer. De você, ficou apenas a lembrança dos cabelos loiros e da pele branquíssima... Estava a centímetros de mim, por que não nos conhecemos? Vai que eu descubro que ouve Led Zeppelin, detesta macarrão e nunca corre quando toma chuva? Ou então que é surfista frustrado, amante de cinema e prefere Engels a Marx? Nunca irei saber. Muito menos seu cheiro, o som da voz, se canta nas letras ou se fala baixo, a cor dos seus olhos vistos bem de perto... Qual seu signo? Parece Áries, pelos ombros pesados e andar sonhador. Está vendo o que perdemos pela simples comunhão não aceita do silêncio? Poderíamos estar tomando um café.
 

lacrônico, o espaço das crônicas. © 2010

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